Documento
histórico de 1982 detalha a transação que transformou o antigo Hotel Majestic
em um dos mais importantes centros culturais do país
No dia 25 de setembro de
1990, Porto Alegre ganhava um dos seus mais importantes espaços culturais: a
Casa de Cultura Mário Quintana (CCMQ), instalada no antigo Hotel Majestic, onde
o poeta gaúcho viveu por anos. Em 5 de agosto de 1982, uma escritura pública de
compra e venda, lavrada no 1º Tabelionato de Porto Alegre, formalizou a
aquisição do Hotel Majestic pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul,
marcando o início da trajetória do que hoje é a Casa de Cultura Mário Quintana.
O documento registra a venda do imóvel pelo Banco do Estado do Rio Grande do
Sul (Banrisul).
O Colégio Notarial
do Brasil – Seção Rio Grande do Sul (CNB/RS) ressalta a importância do
registro notarial na preservação da história de instituições como a CCMQ. A
escritura traz detalhes do prédio, localizado no Centro Histórico de Porto
Alegre, entre as ruas dos Andradas, Sete de Setembro, General João Manoel
e General Bento Martins, com 24 metros de frente e dois blocos
interligados por galerias. O imóvel, adquirido pelo Banrisul em 1980, já
carregava uma “servidão tigni immittendi” (direito de construção
sobre imóvel vizinho) registrada em 1941.
Com a transferência de
propriedade, o Estado assumiu o compromisso de preservar o edifício, que havia
sido residência do poeta Mário Quintana entre 1968 e 1980. A
entrega das chaves foi formalizada em 1982 ao então Secretário
de Cultura, Luiz Carlos Barbosa Lessa, com a ressalva de que a Secretaria
de Cultura passaria a custear tributos, segurança e seguros do prédio a
partir de 31 de dezembro daquele ano.
Do Hotel Majestic à Casa
de Cultura
Inaugurado em 1929,
o Hotel Majestic foi um dos mais luxuosos de Porto Alegre e serviu de
residência para o poeta Mário Quintana entre 1968 e 1980. Com a
desativação do hotel, movimentos culturais e intelectuais pressionaram pela
preservação do local, culminando na compra pelo Estado e na criação da CCMQ.
Hoje, a Casa de Cultura
Mário Quintana é um complexo multicultural, abrigando cinemas,
bibliotecas, salas de exposição, teatros e o Acervo Mário Quintana, com
manuscritos e objetos pessoais do poeta. Reconhecido como um dos principais
centros culturais do Brasil, o espaço recebe milhares de visitantes anualmente,
consolidando-se como um símbolo da arte e da literatura gaúcha.
A escritura pública que
formalizou a aquisição do prédio é um exemplo de como o trabalho
notarial vai além da legalidade – ele assegura que fatos históricos sejam
perpetuados com segurança e transparência. Alexandre Veiga, arquivista da Secretaria
de Estado da Cultura (Sedac), reforça a relevância desses documentos. "É possível afirmar que os
registros de escrituras, assim como os demais documentos semelhantes (certidões
narratórias, testamentos, registros civis) são de fundamental importância para
a narrativa historiográfica, na medida em que possuem dados relevantes da
sociedade de onde se originam. Sua preservação e disponibilização são
imprescindíveis para alavancar o conhecimento sobre questões como moradia,
perfil sociográfico, dinâmica econômica, entre vários outros”, destaca
Alexandre.
A Casa de Cultura
Mário Quintana continua a inspirar novas gerações, e sua história,
registrada em ata notarial, permanece como testemunho da importância da cultura
e do patrimônio público.
Fonte: Assessoria de Comunicação – CNB/RS