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Protagonismo feminino: CNB/RS entrevista presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB/RS

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A advogada Márcia Schwantes destaca os desafios na busca das mulheres pela igualdade e reconhecimento na carreira jurídica

 

Cada vez mais as mulheres estão ocupando espaços na sociedade e colocando em evidência a importância da paridade de gênero em diferentes áreas, como o mercado de trabalho. Neste mês da mulher, o Colégio Notarial do Brasil – Seção Rio Grande do Sul (CNB/RS) entrevista a presidente da Comissão da Mulher Advogada (CMA) da OAB/RS, Márcia Schwantes, que aborda o protagonismo feminino em carreiras do Direito, em especial na advocacia, e os desafios que ainda precisam ser enfrentados pelas mulheres que atuam ou buscam atuar na profissão jurídica.   

"As mulheres advogadas já tiveram várias conquistas, mas continuamos num trabalho árduo e com determinação para superar as barreiras que ainda existem. Devemos reconhecer e valorizar o papel vital que as mulheres desempenham na construção de um sistema jurídico mais justo e igualitário para todos”, reforça Márcia.

Confira a íntegra da entrevista:

CNB/RS - Como avalia o protagonismo da mulher em carreiras do Direito?

Márcia Schwantes - Ao longo da história, as mulheres têm enfrentado desafios significativos na busca pela igualdade e pelo reconhecimento de seus direitos. Na profissão jurídica, não foi diferente. Desde os primórdios da advocacia, as mulheres têm lutado para serem aceitas, respeitadas e valorizadas em um campo historicamente dominado por homens. No entanto, apesar das adversidades, as mulheres advogadas persistiram e triunfaram, deixando um legado marcante na jurisprudência e na defesa dos direitos humanos.

A advocacia feminina desempenha um papel fundamental na promoção da justiça e na defesa dos direitos das mulheres e de outras minorias marginalizadas. Mulheres advogadas têm sido pioneiras na luta contra a discriminação de gênero, na busca por igualdade salarial, no combate à violência doméstica e na garantia do acesso à justiça para todas as pessoas, independentemente de gênero, raça ou classe social.

Além disso, as mulheres advogadas trazem uma perspectiva única para o exercício da advocacia, enriquecendo o debate jurídico com suas experiências pessoais e profissionais. Elas são defensoras incansáveis dos direitos das mulheres, das crianças, dos idosos, dos LGBTQIAP+, dos imigrantes e de todas as comunidades vulneráveis, trabalhando incansavelmente para tornar o sistema jurídico mais inclusivo, equitativo e acessível para todos.

CNB/RS - Quais obstáculos ainda precisam ser enfrentados?

Márcia Schwantes - Apesar dos avanços significativos nas últimas décadas, ainda há muito a ser feito para alcançar a igualdade de gênero na advocacia e na sociedade em geral. As mulheres continuam sub-representadas em cargos decisórios e enfrentam obstáculos sistêmicos que limitam seu progresso profissional. Portanto, é crucial que todos nós nos comprometamos a apoiar e promover as mulheres na advocacia, garantindo que tenham as mesmas oportunidades, reconhecimento e respeito que seus colegas masculinos.

Segundo a pesquisa “Como está a diversidade de gênero nos escritórios de advocacia no Brasil”, realizada pela Women in Law Mentoring Brazil, elas representam 57% do quadro dos escritórios de advocacia, mas apenas 34,9% são sócias.  

As mulheres advogadas já tiveram várias conquistas, mas continuamos num trabalho árduo e com determinação para superar as barreiras que ainda existem. Devemos reconhecer e valorizar o papel vital que as mulheres desempenham na construção de um sistema jurídico mais justo e igualitário para todos.

CNB/ RS - Quais ações destacaria para o crescimento do empoderamento feminino em postos de trabalho da área da advocacia?

Márcia Schwantes - Linha do tempo: grandes marcos das mulheres na advocacia

1902 – Maria Augusta Saraiva torna-se a primeira mulher bacharel em Direito, pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Em 11 de julho, estreia no Tribunal de Justiça de São Paulo, defendendo o acusado de um crime.  

1906 – Myrthes Gomes de Campos é aceita no Instituto dos Advogados Brasileiros, tornando-se oficialmente a primeira advogada do Brasil.

1932 – As mulheres passam a exercer o direito de votar, conferido pelo Decreto nº 21.076.

1962 – Maria Rita Soares de Andrade é a primeira mulher a integrar o Conselho Federal da OAB. Em 1967, se torna a primeira Juíza Federal do Brasil, nomeada pelo presidente Castello Branco.

1981– Zelite Andrade Carneiro é a primeira presidente de uma seccional da OAB, em Rondônia.

1995 – Marina Beatriz Silveira de Magalhães é a primeira mulher a compor a Diretoria da OAB Nacional.

2000 – Joênia Batista de Carvalho é a primeira mulher indígena a exercer a advocacia no Brasil.

2015 – Florany Maria dos Santos Mota idealiza o movimento Mais mulheres na OAB.

A Resolução 5/20, que alterou o Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB para estabelecer paridade de gênero (50%) e a política de cotas raciais para negros (pretos e pardos), no percentual de 30%, nas eleições da OAB. Ambas as alterações foram aprovadas pelo Conselho Pleno, instância máxima da OAB Nacional, na sessão do dia 14 de dezembro de 2020, e valeram para as eleições de 2021.

A paridade institucional instituída pela OAB, começa a dar vez e voz à participação das mulheres advogadas, a fim da que elas possam se eleger nos cargos de decisão das Seccionais, Subseções e no comando do Conselho Federal da OAB!

A luta ainda é grande e contínua!

Fonte: Assessoria de Comunicação – CNB/RS