Relator considerou que eles já estavam separados há muito
tempo e a demora atingiria o cotidiano de ambos
A 12ª câmara Cível do TJ/PR concedeu antecipação de tutela
para homem que queria o divórcio e mulher permanecia inerte à separação
judicial. Relator considerou que eles já estavam separados há muito tempo e a
demora atingiria o cotidiano de ambos.
O homem contou que é casado com a mulher pelo regime da comunhão
parcial de bens. No entanto, estão separados desde 2018 e sequer possuem
contato desde a separação de fato. Segundo o marido, a mulher sempre permanece
inerte ao divórcio.
Ele explicou, ainda, que não há qualquer possibilidade de
reconciliação entre o casal e inexistem bens a partilhar que pudessem
justificar eventual restrição ao divórcio e que, inclusive, já está em novo
relacionamento e impedido de formalizá-lo.
Em 1º grau, o juízo não acolheu o pedido. Para o magistrado,
o pedido não se enquadra em nenhuma das hipóteses que permitem a análise
liminar.
Ao TJ/PR, o homem sustentou a necessidade de reforma da
decisão a fim de que seja decretado o divórcio.
O relator, desembargador Rogério Etzel, observou que o casal
está separado de fato há bastante tempo, sendo presumível o perigo de dano, já
que além de ser direito potestativo de qualquer dos ex-cônjuges se divorciar, o
dilatado lapso temporal influi no cotidiano de ambos.
O magistrado ressaltou precedentes do STJ que já diferenciou
os institutos da separação e do divórcio, reforçando que cabe às partes - não
em conjunto, mas sim com manifestação de vontade isolada - a decisão sobre qual
caminho pretendem escolher.
"É possível concluir a prevalência da autonomia da
vontade do indivíduo, permitindo a ele optar por separar-se de seu cônjuge ou,
vislumbrando a ausência de possibilidade de reconciliação, optar pelo divórcio
desde logo."
Assim, deferiu a antecipação de tutela para que o Juízo
providencie a expedição de ofício ao cartório civil responsável pela certidão
de casamento das partes e proceda com a anotação de divórcio.
O processo, que tramita em segredo de Justiça, tem a atuação
do advogado Ricardo Santos Lima e da acadêmica Hayla Beatriz Consoli Pimpão.
Processo: 0068786-80.2020.8.16.0000
Fonte: Migalhas